Um exemplo inconveniente


Afinal é possível. É possível passar das palavras aos actos. Apostar nos jogadores portugueses e ter sucesso. É, além disso, uma medida responsável desportiva e financeiramente e que assegura o futuro do futebol português.

No momento em que escrevo, o Belenenses só tem jogadores portugueses inscritos. Não é só na defesa, no meio-campo ou na linha avançada, não é só a espinha dorsal da equipa, não é só o onze titular, são todos os jogadores do plantel. É obra.

Só podemos e devemos aplaudir. Todos em uníssono. Congratulamo-nos por ser o Belenenses, um clube histórico, de tradições, transversal, de Pepe, Matateu, Vicente, José Pereira, Cândido de Oliveira, pelo excelente campeonato que fez a época passada e pelo percurso que está a fazer na Liga Europa. Pela aposta nos jovens jogadores. Um exemplo.

E que fique claro, não existe nenhum preconceito da minha parte relativamente aos estrangeiros. Pelo contrário. Estou consciente da globalização, sou um cidadão do Mundo. O que critico é o excesso, a falta de qualidade e os negócios que estão associados a essas transferências.

Quando se discute a crise económica, a perda de parceiros estratégicos, as novas regras financeiras e orçamentais, os direitos televisivos, a política salarial, os novos modelos de competição e financiamento e as regras de “boa governação”, esta é, sem dúvida, uma boa notícia. Uma prática a seguir.

Em vez de assistirmos de braços cruzados à debandada dos nossos jogadores e invocarmos desculpas, como aquela de ordem financeira segundo a qual os jogadores estrangeiros são “mais baratos” do que os portugueses, sejam capazes, como sempre defendi, dirigentes e treinadores, de assumir a responsabilidade no sentido da alteração da realidade actual. Regule-se.

É, pois, hora de aproveitar a embalagem, em vez de a 2.ª Liga se andar a lamentar e a querer hipotecar o futuro do futebol português ao capital chinês, sujeitando-se a regras inaceitáveis com prejuízos e perdas irreparáveis.

É hora de implementar medidas desportivas e financeiras que consolidem uma política desportiva de defesa e promoção dos jovens jogadores. O oportunismo de alguns não pode pôr em causa o que é de todos. É nossa obrigação agir. 

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