É a educação, estúpido
A educação é, se não o mais, um dos mais importantes factores de sucesso. O investimento em educação e em capital humano é uma prioridade. Foquemo-nos no futebol e, dentro desta modalidade, nos praticantes.
Cristiano Ronaldo, entre outros, alimenta nos pais e nos jovens o ‘sonho’ de ser futebolista. Num inquérito recente do ‘Jornal de Negócios’, esta profissão é a que os pais mais desejam para os seus filhos, logo a seguir à de médico e engenheiro.
Sucede que o ‘sonho’ é a excepção. Num estudo do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), constata-se que, devido à escolha prematura por esta profissão, muitos jovens não têm aproveitamento (60% a 90%) ou abandonam a escola em detrimento do futebol (60%).
E no Estágio do Jogador verificamos que a taxa de desemprego tem vindo a aumentar. Acresce que esta carreira termina, em média, aos 35 anos, se não for antes por lesão, doença ou desemprego. Trata-se de uma carreira precária, onde é difícil conciliar a actividade e os estudos.
Mesmo os que se esforçam mais, devido às características da mesma, não conseguem vencer. Os jogadores não estão preparados e o futebol não garante emprego. Ingenuamente, encaminham os nossos filhos para um beco sem saída.
Daqui decorrem danos irreparáveis para os jovens, para a modalidade e para o país. É imperativo mudar de paradigma, apostar na educação dos jovens em desenvolvimento para que quando tenham de encarar alternativas fora do futebol, estejam preparados. Um jogador qualificado é factor de sucesso para o clube, sociedade e país.
É por isso que o SJPF, sob o lema “valoriza a tua carreira dentro e fora das quatro linhas”, com o apoio da FPF e em conjugação com as universidades, vai apresentar um plano anual de formação, construir um catálogo de formação e prever um conjunto de incentivos, tendo em vista: qualificar os jovens desportistas para a integração no mercado de trabalho; certificar, escolar, profissional e academicamente os futebolistas; proporcionar formação específica no período de transição ou no fim da respectiva carreira.
Esta iniciativa depende da vontade dos jogadores em investirem no seu futuro e terá mais ou menos sucesso se o Governo, FPF, LPFP e clubes a apoiarem.