Impressão digital


As Selecções Nacionais de futebol estão de regresso ao trabalho e com elas as discussões sobre o seu valor desportivo. Depois do sucesso dos jovens lusos Sub-20 e Sub-21 e apesar do lugar que ocupa a nossa Selecção A, 6.ª no ranking da FIFA, há quem se entretenha a desvalorizar e hipotecar o nosso património desportivo.

Sejamos justos. É da mais elementar justiça reconhecer o sucesso das Selecções Nacionais e premiá-lo. Concretamente:

Jogadores: individual e colectivamente, que de forma brilhante, em cada jogada, afirmam a sua identidade e o seu valor. Afirmam mais, a identidade do nosso futebol, do nosso país. Jogadores, a quem é dado tão pouco e é pedido tanto. Jogadores que nos fazem grandes, que nos fazem sonhar, sair do rectângulo que é o campo e o país. Sobretudo os mais jovens, apesar das condições adversas, nomeadamente a falta de investimento na formação, nos equipamentos desportivos ou nas condições laborais, conseguem superar-se e dar uma bofetada “de luva branca” a quem os quer remeter para a “zona de conforto”. São eles, com esta atitude, com os seus êxitos, dribles e golos que chamam a atenção para os sucessos e os problemas do futebol, são eles que obrigam à sua reflexão, à tomada de decisões. 

O futebol português, implacável quando falham, que não hesita em explorar os fracassos, é o mesmo que anda a reboque dos seus êxitos.

Há talento. Tanto talento. Talento que muitos não vêem ou não querem ver. Talento que é escondido. Talento que é nosso, que importa reconhecer, em que devemos investir e valorizar. Sempre.

Treinadores: jovens, a maioria ex-jogadores, nomeadamente Rui Jorge, Emílio Peixe, Hélio Sousa e Filipe Ramos, sob a orientação de Ilídio Vale e agora de Fernando Santos implementaram um modelo de sucesso na Federação. Competentes, com um lado humano do tamanho do futebol que faz a diferença. Uma atitude própria, de respeito pelo jogador, pelo jogo. Atitude potenciada pela partilha e complementaridade entre todos. Parabéns.

Dirigentes: a estrutura federativa não ganha jogos, mas ajuda e de que maneira. Fernando Gomes arrepiou caminho, organizou, renovou, apoiou e projectou o futebol português. Os resultados não acontecem por acaso.

As Selecções Nacionais estão de regresso e no desporto são o garante da nossa identidade, a nossa impressão digital. Saibamos preservá-la.

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