Pecados mortais


A propósito de alguns fenómenos desportivos anómalos, reveladores da condição humana, relembro os “pecados mortais” e aproveito para renovar as críticas pela forma como alguns clubes têm vindo a coagir os seus jogadores para que aceitem a cessação ou renovação do contrato de trabalho.

Orgulho
Quer na pré-época quer no decurso das competições desportivas têm sido recorrentes as práticas abusivas infringidas a jogadores, colocados a treinar à margem do “grupo normal de trabalho”, ou na “equipa B”, para que abandonem o clube ou renovem o vínculo.

Avareza
Embora os clubes estejam mais conscientes do papel que devem desempenhar as equipas B, nalguns casos estas continuam a funcionar como espaços de punição e desvalorização de jogadores.

Luxúria
Prosseguem também os casos de jogadores com indicação por parte dos clubes para aguardar pela sua chamada, sendo depois confrontados com processos de despedimento por abandono do trabalho.

Inveja  
Para além de violarem as garantias laborais essenciais, as práticas descritas têm fomentado a celebração de acordos de revogação desfavoráveis aos interesses dos jogadores, comprometendo o progresso da sua carreira desportiva.

Gula
Reitero que os jogadores devem poder treinar com o seu “grupo normal de trabalho”. Qualquer diferenciação de tratamento que não seja justificada por razões disciplinares e aplicada proporcionalmente constitui uma forma de discriminação ilegal, violadora das obrigações a que os clubes, enquanto entidades empregadoras, estão sujeitos.

Preguiça 
As sanções disciplinares aplicadas pelos clubes devem resultar de um processo devidamente instruído que permita a apresentação de meios de defesa.

Defeitos e virtudes
Os jogadores envolvidos nas práticas enunciadas devem estar conscientes de que não estão sozinhos e procurar ajuda junto do Sindicato. Dando o primeiro passo terão um parceiro de diálogo com os clubes que pautará a sua actuação pelo respeito, integridade e facilitação das vias de comunicação. O nosso compromisso é claro, o de apoiar os jogadores, com o máximo respeito pelos clubes que representam, em prol da dignidade do futebol!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (6 de Outubro de 2015) 

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