Pura irracionalidade


O Mundo está de luto. Os trágicos acontecimentos vividos na passada sexta-feira em Paris causaram em todo o Mundo dor, tristeza e revolta.

Decorria o encontro particular entre as selecções da França e da Alemanha quando se ouviram explosões nas imediações do Stade de France. Os ataques terroristas voltaram a causar o pânico na capital francesa depois dos ocorridos no início do ano na redacção do jornal 'Charlie Hebdo'.

Desta vez, o atentado terrorista verificou-se em vários pontos da cidade, de forma concertada, e o número de vítimas mortais já supera a centena.

A irmã do internacional francês Antoine Griezmann estava no Bataclan, a sala de espectáculos onde ocorreu a maior parte da tragédia e, felizmente, saiu ilesa desse verdadeiro filme de terror. A mesma sorte não teve a prima de Lass Diarra, outro internacional gaulês que estava em campo neste França-Alemanha de má memória.

Um dos bombistas tentou mesmo entrar no estádio e, não fosse barrado pelos seguranças, estaríamos perante um cenário bem mais negro. O número de vítimas seria bem maior e, com o jogo a ser transmitido para milhões de pessoas, o impacto televisivo da tragédia teria um efeito devastador.

Não foi a primeira vez que o terrorismo e o desporto se cruzaram. Basta lembrarmos os ataques nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Depois de sequestrados, os atletas da equipa israelita acabaram por perder a vida. Em 2012, em Port-Said, no Egipto, mais uma tragédia, 74 mortos, quase mil feridos. Mais recentemente, em 2013, um atentado durante a Maratona de Boston, a mais famosa à escala global, resultou na morte de três pessoas e 264 feridos.

Neste contexto, o desporto, o futebol, deve reagir, assumindo e promovendo os seus valores junto dos mais jovens, junto da comunidade. O desporto deve reforçar a sua dimensão social, promovendo espaços de tolerância e afectos, educar, formando a personalidade humana.

O desporto deve ser factor de inclusão, de integração, promotor da interculturalidade. Os dirigentes, jogadores, treinadores, árbitros, a família do futebol, devem nesta hora de incerteza para a Europa e o Mundo dar um sinal maior. Um sinal de esperança.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (17 de Novembro de 2015)

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