A mulher e o futebol


Assinala-se hoje o Dia Internacional da Mulher, que foi celebrado pela primeira vez em 1909, nos Estados Unidos, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. O futebol feminino surgiu um pouco antes. Em 1892, na cidade de Glasgow, na Escócia, realizou-se o primeiro jogo.

Nos últimos anos, o futebol feminino tem-se afirmado no plano nacional e internacional. Mas ainda há muito a fazer. Em Portugal muito se tem feito. Os resultados das nossas selecções, dos nossos clubes e o sucesso das nossas jogadoras contribuem para projectar a modalidade, mas o futebol feminino precisa de mais praticantes, mais apoio e mais visibilidade.

O Sindicato dos Jogadores, a par da Federação Portuguesa de Futebol, têm sido promotores activos e apesar de ser uma modalidade amadora em Portugal, as nossas jogadoras competem com profissionais de outros países.

Cláudia Neto (Linköpings, da Suécia), Ana Borges (Chelsea, de Inglaterra), Rita Fontemanha (Atlético de Madrid, de Espanha), Mónica Mendes (FC Neunkirch, da Suíça) e Dolores Silva (USV Jena, da Alemanha) são alguns exemplos desse sucesso.

O Sindicato, assumindo a defesa da igualdade de género e do futebol feminino, nomeou Carla Couto (jogadora do século) delegada e embaixadora para a modalidade, integrando também o Comité Feminino da FIFPro. Em conjunto com a Edite Fernandes, capitã da Selecção Nacional e do Valadares, visitam diariamente os clubes, procurando inteirar-se dos problemas, esclarecer e apoiar jogadoras e clubes.

Matilde Fidalgo, capitã do Futebol Benfica e jogadora da Selecção Nacional, é a nossa embaixadora da Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto. Finalmente, lançámos uma revista dedicada em exclusivo ao futebol feminino, a W.

Queremos dar maior visibilidade ao futebol feminino e, nessa medida, o Sindicato apresentará um conjunto de propostas que ajudem a melhorar as condições das jogadoras, no plano da saúde, protecção social, educação e emprego.

Deixo um apelo: está na hora de os clubes assumirem a sua grandeza, que não se mede apenas pelos resultados desportivos mas também pela sua capacidade de intervenção social. Apostem no futebol feminino. As jogadoras e a modalidade merecem.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (8 de Março de 2016)

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