A sustentabilidade da 2.ª Liga


A Liga de Clubes aprovou em Assembleia-Geral a redução do quadro competitivo da 2.ª Liga de 24 para 22 equipas na próxima temporada e de 22 para 20 na época seguinte.

É uma decisão acertada, que revela bom senso e sentido de responsabilidade. O país não está para brincadeiras e o futebol também não.

Atendendo à crise económica e às dificuldades que o país atravessa, importa racionalizar meios, criar mecanismos de solidariedade e disciplinar uma boa governação.

A verdade é que nem a entrada de investidores estrangeiros tem resolvido o problema da sustentabilidade da 2.ª Liga. O recurso aos PER (Processos Especiais de Revitalização) e SIREVE (Sistemas de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial), processos especiais para viabilizar as empresas em dificuldades, tem servido para adiar os problemas 'com a barriga', mas não escondem a má gestão, a gestão danosa, a irresponsabilidade e o sentimento de impunidade de alguns clubes e SAD.

Constata-se agora que o alargamento da 2.ª Liga para 24 equipas agravou os problemas dos clubes, penalizando os mais vulneráveis.

Por outro lado, a entrega por tuta e meia do futebol português aos chineses, o incumprimento salarial ou o fenómeno crescente dos resultados combinados são problemas que permanentemente ameaçam a perda de estatuto de competição profissional.

A capacidade de alguns maquilharem esta realidade só adia o problema. Infelizmente, há um dado que, por muito que se tente, é difícil de ocultar: o afastamento dos adeptos e a redução das assistências.

É, pois, tempo de tomar decisões e a redução do formato competitivo da 2.ª Liga é a primeira que se impõe, que beneficia todos os agentes desportivos, inclusive jogadores, muitos falsos profissionais, sem condições para exercerem a sua actividade com dignidade.

A seguir devem ser exigidas normas de licenciamento, garantias de igualdade entre os clubes e respeito pelas obrigações contratuais dos jogadores e treinadores, na defesa da verdade desportiva e da integridade das competições. Nesta matéria, para já, a Liga está no bom caminho.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (22 de Março de 2016)

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