Um compromisso maior


A crise de refugiados constitui um dos maiores flagelos que o poder político enfrenta na Europa actual. Muitas das medidas anunciadas não passaram de "fachada" e em vez de unirem, dividiram, em vez de esbaterem as diferenças, agudizaram os ódios.

E o desporto? Afinal qual é o seu papel? Para já, ainda não deu a resposta que dele se exige. É fundamental que todos os agentes se envolvam em acções concretas que se repercutam positivamente no dia-a-dia destas pessoas. Não chegam as boas intenções. O desporto pode e deve fazer mais.

É por isso mesmo que o SJPF, em nome dos jogadores, quando assume, assume de corpo inteiro, apoiando sobretudo os mais carenciados. O Projecto Solidariedade, o Projecto Golo, a Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto e o Projecto SPIN são algumas das iniciativas levadas a cabo no âmbito da relação com a comunidade.

Recentemente promovemos uma acção de apoio aos refugiados sob o lema "Football Welcomes Refugees", procurando sensibilizar a comunidade para a importância da integração social. Esta acção traduziu-se, paralelamente, na oferta de manuais escolares a crianças e jovens refugiados em Portugal. Fizemo-lo em parceria com o Conselho Português para os Refugiados (CPR) e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM), cujo trabalho notável cumpre elogiar.

Queremos mais, em especial apoiar as crianças, garantindo a sua educação e a prática desportiva e para isso vamos envolver os jogadores.

No plano internacional integramos o projecto SPIN, que engloba instituições provenientes de sete países: Portugal, Alemanha, Itália, Áustria, Irlanda, Hungria e Finlândia. Visa promover a igualdade de oportunidades dos migrantes e minorias étnicas através do voluntariado no desporto e tem como missão envolver aqueles que estão em risco de exclusão social.

Com a GAIS-CV e a Cretcheu (associação cabo-verdiana) vamos estabelecer um protocolo de parceria, que visa a integração dos jovens cabo-verdianos que chegam ao nosso país alimentando o "sonho" de ser futebolistas.

Se volto ao tema é porque me incomoda a indiferença do desporto nesta crise. Não podemos bastar-nos com palavras de circunstância e apoios mediáticos. Algumas instituições podem e devem assumir um compromisso maior. Pelo desporto, por Portugal.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (19 de Abril de 2016)

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