A Liberdade e o Futebol
Assinalou-se ontem o 42.º aniversário do 25 de Abril. Uma data histórica, associada ao fim de um regime – a ditadura – e ao início de outro – a democracia – em que a palavra-chave é LIBERDADE.
Ouvi com atenção o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que fez o balanço dos últimos 42 anos da nossa democracia. As suas palavras fazem o mesmo sentido relativamente ao desporto e ao futebol. Façamos o exercício!
Nem tudo foi bem feito, é verdade, mas muito do que foi feito é notável. Marcelo falava da descolonização, democratização, integração europeia e construção de uma nova economia como os grandes desafios que o país teve.
O futebol também viveu os mesmos desafios. À descolonização respondemos com integração, inclusão, multiculturalidade e responsabilidade social, criando uma identidade nacional única.
A democratização deu-se no acesso à prática desportiva, de jogadores e jogadoras, na melhoria dos equipamentos. O futebol teve esse efeito notável de ser factor de socialização, forma de diálogo interclassista. Este é o seu maior contributo.
Participámos na integração europeia com a competência dos nossos clubes, que conseguiram (e conseguem) competir lado a lado com as potências europeias e ganhar títulos, o saber dos nossos treinadores, a atitude dos nossos árbitros e, sobretudo, com o talento dos nossos jogadores, reconhecidos nos quatro cantos do Mundo.
Finalmente, a construção de uma nova economia traduziu-se na mercantilização do futebol, um modelo de negócio que continua à procura da sua sustentabilidade, de regras, transparência e de responsabilização.
Para o bem e para o mal, o futebol reflecte o país. Os resultados, também nesta área de actividade, em tão pouco tempo, são notáveis. Contudo, existem custos que originam queixas, muitas feitas por nós, que urge corrigir. Há muito a fazer e voltarei ao tema.
Nesta ocasião, a mensagem que quero partilhar, associando-me ao PR, é de apelo à união e ao bom senso de todos os agentes desportivos. Todos juntos, independentemente do clube e da instituição, devemos dialogar, unir esforços, dar contributos, fazer cedências, encontrar equilíbrios.
Pelo jogador, pelo futebol, pelo país. Mãos à obra.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (26 de Abril de 2016)