Respeito
Embora mediáticas, as relações em torno do futebol estão longe de ser pacíficas. Assistimos a uma contínua degradação das relações contratuais e ao aumento da crispação entre agentes desportivos, tornando cada vez mais difícil o debate sobre as soluções para os problemas sinalizados.
Diariamente, a opinião pública reflecte sobre as ‘guerras’ entre clubes e dirigentes desportivos, os erros das equipas de arbitragem ou os ‘mind games’ entre treinadores, como se nada mais importasse para além do jogo que decorre dentro das quatro linhas.
O futebol português continua a ser marcado por irresponsabilidade e falta de respeito, não cumprimento das obrigações assumidas, por inúmeros actos de manifesto abuso e ilegalidade.
O não pagamento do salário ou acordos assinados têm vindo a aumentar, assim como o número de casos em que os jogadores são preteridos dos treinos, desvalorizando-se pessoal e desportivamente, ao mesmo tempo que vêem comprometidas as suas carreiras desportivas. Assistimos a novas estratégias para forçar a quebra dos compromissos assumidos, como sucede com o recurso aos PER ou à figura do despedimento colectivo. Apesar de desadequados ao fenómeno desportivo, estes mecanismos legais não encontram qualquer constrangimento ou limitação.
Ora, apesar disso, os clubes ‘habilidosos’ continuam a competir (em abstracto num plano de igualdade, na prática de desigualdade), colocando em causa a verdade desportiva.
Perante isto esperava-se que os lesados dessem um passo em frente, denunciando as más práticas, forçando o sistema a encontrar novas soluções.
Infelizmente, uma das grandes debilidades do futebol é o conformismo, o silêncio e o receio pelas represálias ou prejuízo na imagem.
O ‘silêncio dos inocentes’ reforça a prepotência e legitima os actos de cobardia!
O Sindicato tem procurado ser voz activa na defesa dos jogadores, do futebol e do desporto. Infelizmente não se pode substituir à decisão individual de cada um. Afigura-se uma época conturbada. Apelamos a que mais exerçam a sua cidadania.