Podemos invocar o Interesse Público?


Portugueses - 0 Estrangeiros - 1

Não se trata, como é óbvio, do resultado de um jogo realizado entre portugueses e estrangeiros. Mais do que um jogo a enunciação visa traduzir uma preocupação do Sindicato e, como tal, julga-se, da esmagadora maioria dos jogadores portugueses.
Na verdade a análise dos números referentes à Liga Bwin no início de uma nova época desportiva - 200 portugueses versus 234 estrangeiros - prefigura uma derrota clara dos jogadores nacionais.

Inevitabilidade ou irresponsabilidade?

O Sindicato, afastando liminarmente qualquer ideia de xenofobia e consciente que está da livre circulação de trabalhadores decorrente da globalização, não pode aceitar impavidamente que se conclua que a realidade em questão configure uma inevitabilidade.
Receber bem quem nos demanda impõe-se, nomeadamente, pelo respeito que merece a diáspora portuguesa, designadamente na área do desporto, pelos vários cantos do mundo. Ora, isto não significa, nem poderá justificar que não se defendam os interesses dos jogadores nacionais relevando os das camadas jovens.

Uma verdade inconveniente.

Perante isto, não é difícil constatar a contradição de muitos dirigentes e treinadores, que em alta voz apregoam a aposta e o incremento da formação e na prática tomam atitudes reveladoras de uma autêntica hipocrisia.
A inexistência de critérios de acesso na profissão e a ausência de um Estatuto de Carreira tudo permite, assistindo-se ao incremento maciço de jogadores de duvidosa qualidade e à debandada dos nossos futebolistas. Não procede aqui o argumento de ordem financeira segundo o qual os jogadores estrangeiros são "mais baratos" do que os portugueses. Com efeito, uma análise objectiva e rigorosa leva a concluir que um jogador estrangeiro de categoria igual à de um jogador nacional não implica menos encargos para o clube.
Neste contexto, e salvo melhor opinião, julga-se que dirigentes e treinadores tem uma responsabilidade acrescida no sentido das alteração da realidade actual.

Jogadores "formados localmente"- uma boa medida.

Parece inquestionável que o "boom" de estrangeiros provoca a descaracterização dos clubes e a perda de identidade das selecções nacionais. Consciente desta realidade a UEFA já deu um passo em frente obrigando os clubes a integrar nos seus plantéis "jogadores formados localmente" considerando-se como tal "aquele que tenha sido inscrito na Federação Portuguesa de Futebol pelo menos durante três épocas entre os 15 e os 21 anos".
A Assembleia Geral Extraordinária aprovou um período de transição - 2006/07 - para aplicação deste regime. Assim, na actual temporada - 2007/08 -, os clubes inscritos na Liga Bwin e na Liga Vitalis serão obrigados a inscrever e a utilizar seis jogadores formados localmente. Nas II e III divisões, o número fixar-se-á em 10, enquanto nos Distritais e nos Regionais será de 12 jogadores. Na época de 2008/09, o número de jovens formados localmente subirá para oito nas competições organizadas pela LPFP, 10 nas II e III divisões e 12 nos Distritais e nos Regionais.

Estaremos atentos...
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