Madrid, capital do futebol


Nos dias 27 e 28 de Outubro, a convite da organização, estive no congresso internacional World Football Summit, que decorreu em Madrid, com a participação de vários especialistas internacionais.

O World Football Summit é um evento à escala global onde se reflecte, discute e procuram soluções para os problemas da actualidade. Durante dois dias Madrid foi a capital mundial do futebol. Com o meu "irmão" Luis Rubiales, presidente do Sindicato dos Jogadores de Espanha (AFE), Bobby Barnes, presidente da FIFPro Divisão Europa, Manu Sarabia, ex-jogador do Athletic de Bilbau, e Isabel Lara, vice-presidente da Atrevia, integrei o painel "Ética do futebol, função e dimensões".

A responsabilidade do jogador dentro e fora das quatro linhas, os instrumentos de boa governação, transparência, verdade desportiva e integridade das competições estiveram em destaque.

Na minha intervenção, abordei a crise na FIFA e as suas consequências no plano nacional, o projecto de combate ao match-fixing desenvolvido em parceria com a FPF e a boa governação. Alertei para a necessidade de uma "cidadania desportiva activa" e de um efectivo "diálogo social" entre os agentes desportivos, quer a nível nacional quer no plano internacional.

Luis Rubiales abordou ainda as relações entre o Sindicato e a Liga espanhola, que se encontram num clima de maior tensão, devido ao facto de a entidade patronal não entregar (por razões políticas) os 0,5%, devidos aos jogadores pelos direitos de transmissão televisiva, e que se destinam a um fundo de pensões e a programas de educação e formação.

A exigência da AFE, através do seu presidente, é legítima e justa, na medida em que são os jogadores os factores geradores da riqueza, seja ao nível dos direitos de transmissão televisiva, seja no que às apostas desportivas online diz respeito, razão pela qual devem quinhoar na repartição da receita.

Sobre esta matéria voltarei ao tema, porque é fundamental garantir a poupança e o pós-carreira através de mecanismos económicos que ajudem, num momento particularmente difícil (lesão, doença, desemprego ou fim de carreira) a fazer a transição da actividade desportiva para outra qualquer profissão.

Até lá, Luís, fica a solidariedade dos jogadores portugueses. A solidariedade dos campeões da Europa.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (1 de Novembro de 2016)

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