Revolução no futebol?


Marco van Basten surpreendeu (ou não) o mundo do futebol ao apresentar dez propostas que prometem revolucionar o jogo. Num momento em que a FIFA necessita de se reinventar, temas como a integridade, a ética e a boa governação servem para mobilizar a opinião pública e o tema da arbitragem é sempre o mais mediático. Se as propostas são para levar a sério ou não, só mais tarde podemos concluir.

Para já as sugestões são provocadoras e entre elas destacam-se o fim dos foras-de-jogo e dos cartões amarelos. Na ótica do jogador, creio que as propostas sugeridas merecem, pelo menos, reflexão. O que não é aceitável é nada fazer. Neste particular a FIFA já ganhou.

O fim do fora-de-jogo é a regra mais controversa. Os mais conservadores dirão que põe em causa a essência do jogo e os mais destemidos que coloca um ponto final nas dúvidas sobre a posição (ir)regular do jogador, beneficiando quem ataca. O futebol é um espetáculo que vive dos golos. Nessa perspetiva não recuso liminarmente a proposta.

A substituição do cartão amarelo por suspensões temporárias é interessante. O facto de se excluir por um breve período de tempo um jogador poderá ter um efeito pedagógico. A redução do número de jogos por temporada e o aumento do número de substituições também são propostas positivas. Atualmente, os jogadores são sujeitos a um enorme desgaste físico ao longo da época. Com menos jogos e mais substituições estaríamos a salvaguardar a sua condição física.

O reforço do papel do capitão de equipa durante o jogo é algo natural, consequência direta da sua eleição, reconhecimento de um estatuto que está desvalorizado. Acresce que o futebol precisa de referências.

Finalmente, compreende-se a regra que permite parar o cronómetro nos últimos dez minutos de jogo, sempre que este seja interrompido, sobretudo em países como Portugal, onde 'perder tempo' faz parte da cultura desportiva.

As propostas devem ser analisadas, de forma cuidada, pelos órgãos competentes. O que não é aceitável é criticarmos a 'inatividade' da FIFA por um lado e, por outro, a sua 'atividade'. Haja coragem de fazer mudanças.

De uma coisa tenho a certeza. Não será por causa dos jogadores que as reformas não se farão! Estaremos à beira de uma revolução no futebol?

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (24 de janeiro de 2017)

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