Iker, el Capitán


Iker Casillas tem sido elogiado pela exibição em campo no clássico do último fim-de-semana. Merecido, mas apenas mais uma no seu invejável currículo! Aproveito esta oportunidade para falar sobre o jogador, dentro e fora dos relvados.

Em Iker destaca-se a dimensão humana e profissional, ativo na defesa de causas sociais e dos direitos dos colegas de profissão. Não deixa ninguém indiferente. Em agosto de 2015, a convite do meu "irmão" e homólogo, presidente do Sindicato Espanhol, Luis Rubiales, estive em Madrid. Nesse dia foi convocada a greve que parou o campeonato espanhol e, entre vários nomes de peso, Iker destacou-se pela frontalidade, pelo compromisso e pela elevação. Estava na primeira fila! É sem dúvida um jogador diferente, consciente do peso das responsabilidades, que assume os seus atos. Atualmente assume o cargo de vice-presidente daquela instituição.

No FC Porto não podia ser diferente. Assume-se de forma natural como líder e como voz ativa. Destaco este último aspeto, primeiro no Real Madrid, depois no FC Porto. Iker não se limita a ser mais um jogador, assume cada projeto com personalidade, destaca-se pelo caráter e pela relação que mantém com os colegas de profissão, treinadores e dirigentes e, neste caso, até com a cidade que o recebeu, o Porto.

Em Espanha, como em Portugal, a atividade sindical no desporto é desvalorizada. A falta de participação dos jogadores de topo contribui para que assim seja. É fundamental que exista consciência de classe, que os jogadores não caiam no individualismo ou na inércia, que sejam ativos na defesa dos seus direitos e dos seus colegas.

O Sindicato faz no próximo dia 23 de fevereiro 45 anos de existência. Deve-o àqueles que desde a primeira hora deram a cara, muitos com prejuízo pessoal. Sem eles os jogadores não teriam as condições contratuais que têm atualmente.

Voltando a Iker, elogio o seu profissionalismo, a sua atitude, o pensamento crítico, sem temer associar-se às causas que entende dignas. Iker é um exemplo dentro e fora dos relvados e por isso, presto-lhe a minha homenagem. Obrigado Iker. Um abraço do tamanho do teu futebol.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (7 de fevereiro de 2017)

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