Todos contam. O jogador também

O futebol é uma atividade de curta duração e desgaste rápido. E neste curto período de atividade profissional, são pouquíssimos os jogadores que auferem um volume económico suficiente para fazer face ao pós-carreira de forma despreocupada.
É por isso de transcendental importância a sua preparação a todos os níveis, seja na obtenção de uma qualificação que permita almejar um pós-carreira de sucesso, emprestando à sociedade a experiência ganha enquanto jogador, seja noutras dimensões como, por exemplo, a gestão e planeamento do património financeiro adquirido durante a sua atividade.
Infelizmente, são vários os casos, em Portugal e no estrangeiro, de cidadãos que enquanto jogadores atingiram a notoriedade e que hoje passam por dificuldades financeiras fruto de um desadequado planeamento do seu capital, de sucessivos investimentos fracassados ou simplesmente por não terem ganho um "pé de meia" suficiente durante o seu período como futebolistas.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol está sensível a estas situações. Já por diversas vezes afirmei que a educação é uma prioridade para o SJPF. E nesse âmbito, também a formação financeira dos jogadores é um tópico a merecer a nossa atenção.
Neste seguimento, tive ontem o prazer de assinar, na presença do Sr. Governador do Banco de Portugal, Dr. Carlos da Silva Costa, um protocolo de colaboração com o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Este Conselho, constituído pelo Banco de Portugal, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários vem desenvolvendo de há uns anos a esta parte o Programa Nacional de Formação Financeira sob o mote "Todos contam".
O SJPF é agora um parceiro na prossecução dos objetivos deste Programa de inegável qualidade e impacto social, usufruindo assim das possibilidades que o mesmo empresta com vista à formação financeira do jogador.
Esperamos assim contribuir para o aumento da literacia financeira dos jogadores, ajudando na sua afirmação enquanto cidadãos com capacidade de gestão da atividade económica que produzem.
Todos contam. E o jogador também.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (4 de abril de 2017)