O dia do jogador


Esta semana assinalo o Dia do Trabalhador para desmistificar um dos mais antigos preconceitos associados ao futebol e ao desporto profissional. Discordo, em absoluto, da visão que isola o jogador profissional de futebol da sociedade e o insere numa posição de privilégio, onde determinados sacrifícios impostos às suas garantias laborais, quer à liberdade de trabalho, quer à segurança no emprego, são aceitáveis, dadas as exigências da competição e o funcionamento próprio do "mercado desportivo".

Numa altura em que está em discussão no Parlamento a revisão da lei 28/98 de 26 de junho, diploma que regula a atividade laboral do praticante desportivo, e em que a FIFA promove alterações à sua regulamentação, é fundamental que saibamos respeitar o trabalhador desportivo, tutelando os direitos e as liberdades inerentes à própria condição humana sem esquecer que, para além desta carreira de desgaste rápido e curta duração, existe uma outra vida profissional que nos habituámos, convenientemente, a ignorar.

Estará o trabalhador desportivo a ser preparado para depois do desporto? Existe uma proteção adequada em caso de desemprego? Estaremos a criar condições para uma transição bem-sucedida?

Apesar das especificidades óbvias da atividade desportiva, não podemos ignorar a relação de subjugação e dependência existente entre o praticante desportivo e a sua entidade empregadora, sob pena de abrimos a porta a um sistema de desproteção, que potencia conflitos laborais e marginalização social.

Quanto ao futuro do jogador, enquanto trabalhador, acredito na mudança do comportamento das famílias, dos agentes desportivos e dos clubes formadores e empregadores. O jogador é um cidadão ao qual devem ser concedidas as mesmas oportunidades dos demais. Durante a carreira desportiva não basta assegurar o recebimento do salário, é preciso valorizar a atividade do desportista.

Celebro o dia 1 de maio com uma mensagem de agradecimento a todos os que contribuíram para a construção e crescimento do Sindicato. Somos uma estrutura representativa que garante a defesa de direitos e garantias laborais, num desporto onde, mais do que nunca, é necessário dar voz ao jogador.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (2 de maio de 2017)

Mais Opiniões.