Jogadores jovens! Que futuro?


Entre as propostas de alteração regulamentar levadas a cabo pela Liga neste final de época está a redução do número obrigatório de jogadores a inscrever, com idade inferior a 23 anos, e a diminuição do número obrigatório de jogadores formados localmente a incluir na ficha de jogo, para a Ledman LigaPro.

Considero inaceitável esta discussão, ao arrepio das disposições internacionais sobre a matéria, e já tive oportunidade de o transmitir ao presidente da Liga. Recordo que estes critérios foram introduzidos pela UEFA na sua regulamentação, e validados pela União Europeia, numa altura em que se procurava contrariar os ‘excessos’ provocados pela abertura do mercado de transferências com a Lei Bosman e combater, em especial, a ‘estrangeirização’ dos clubes e ligas europeias.

O que está em causa nesta discussão é assegurar um espaço de progressão aos jovens atletas portugueses ou formados em Portugal, numa competição que funciona como antecâmara para o principal escalão competitivo. É um dever, um imperativo dos clubes assegurar este espaço. Os resultados alcançados com a aposta nos jovens jogadores falam por si. Qualquer sinal de retrocesso neste sentido é incompreensível.

O Sindicato reagiu. Não estávamos à espera que na Liga pudesse existir essa discussão. É nossa obrigação convocar todos os agentes desportivos para uma reflexão séria e impedir este ‘atentado’. Reitero que não existe qualquer argumento jurídico, económico ou político que sustente esta proposta. Não podemos permitir que aqueles que mais recursos recebem do Estado, o gastem em contratações ‘nebulosas’ e hipotequem o futuro dos nossos filhos.

Defender a aposta nos jovens jogadores é defender os clubes, as seleções nacionais, o futebol português. É, reitero, assegurar o futuro.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (13 de junho de 2017)

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