Formação, a que custo?


O pagamento da compensação pela formação é um dos temas recorrentes no início da época desportiva, especialmente para os jogadores que celebram o primeiro contrato de trabalho desportivo.

Surgem nesta altura dúvidas sobre os valores a pagar e impasses para determinar a disponibilidade do clube contratante para suportar este encargo, ou iniciar negociações com os clubes formandos.

Entendo que esta matéria requer reflexão e um modelo uniforme que seja consensual para os intervenientes no fenómeno, procurando um sistema capaz de compensar os custos efetivos com a formação do jovem jogador e respeitar, ao mesmo tempo, a liberdade de trabalho e o acesso à profissão.

Numa altura em que está a ser realizado um investimento na certificação dos clubes enquanto entidades formadoras, aumentando o grau de exigência, faz sentido repensar o modelo por forma a acompanhar esta realidade.

Ao mesmo tempo, o funcionamento deste mecanismo deve ser claro para os seus destinatários e respeitar a progressão na carreira. Devemos garantir segurança jurídica sem que isso implique limitar o jogador na sua profissionalização.

Uma vez mais, reforço que a compensação pela formação é desejável como medida de promoção do investimento na preparação de jovens jogadores, numa dimensão integral. Não pode, contudo, ser confundida com um encargo que o jogador tem de "resolver" para progredir, como se não estivéssemos a falar de uma obrigação que vincula o clube contratante na relação com os clubes formandos.

Nesta matéria a regulamentação da FIFA é mais esclarecedora quanto aos termos da sua aplicação. Cabe-nos dar este passo, em defesa do futebol e dos jovens que são o garante da modalidade no presente e no futuro.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (4 de julho de 2017)

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