Janela de oportunidades
A Premier League foi a primeira a tomar posição no que respeita ao término da janela de transferências. Em 2018/19, o período de inscrições terminará antes do início da competição. O passo dado num dos mais importantes campeonatos do mundo serviu de mote para o debate à escala global.
Tendo já abordado os problemas do atual sistema de transferências e os motivos que levaram a FIFPro, em 2015, a avançar com uma queixa junto da Comissão Europeia, não ignoro a necessidade de abordar o atual sistema com pragmatismo.
A competição desportiva e os seus agentes parecem conviver melhor com um mercado ‘fechado’. Embora o desporto encontre nesta matéria limitações que não se vislumbram em mais nenhum setor de atividade, a especificidade do desporto tem ‘permitido’ restrições à lei da oferta e da procura, mecanismo que ‘garante’ a estabilidade competitiva e a pacificação das relações entre competidores. Será realmente o único?
Sucede que estamos a discutir mecanismos limitativos da liberdade de trabalho dos atletas. Reconhecendo que a segurança e a igualdade na competição são valores importantes, reduzir o período de inscrições significa condicionar, ainda mais, as escolhas dos jogadores, numa carreira de desgaste rápido e curta duração.
Não podemos resumir a discussão a ‘antecipar’ ou não a data de fecho da janela, mas procurar um sistema com respostas equilibradas face aos interesses (e liberdades) de todos os intervenientes.
Em conclusão, não existe uma resposta única para este problema, existe uma oportunidade para refletir em conjunto, efetivar o ‘diálogo social’ e encontrar uma solução consensual. Não nos iludamos, não existem soluções providenciais, esta é a única fórmula de assegurar o futuro do desporto, o futuro do futebol.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (12 de setembro de 2017)