Alerta aos ROC`s


Esta semana volto a abordar o incumprimento salarial. As manifestações de incumprimento tornaram-se, nos últimos anos, pontuais e mecanismos como o Fundo de Garantia Salarial ajudaram a minimizar os danos causados aos jogadores e à competição. Ainda assim, continuamos a registar ocorrências que nos obrigam a refletir.

As regras do controlo financeiro foram alteradas pela Liga e, por isso, hoje não basta que o jogador subscreva uma declaração a certificar o pagamento pontual do salário. Além da apresentação dos documentos comprovativos do pagamento, a regularização das obrigações salariais é certificada pelo Revisor Oficial de Contas (ROC) do clube. Apesar desta alteração, alguns clubes continuam a coagir jogadores para prestar falsas declarações de não dívida, o que é absolutamente inaceitável e deve envergonhar o futebol português.

Recordo que até 10 de janeiro os clubes devem fazer prova do pagamento dos salários vencidos entre 31 de maio e 26 de dezembro de 2017. Preocupa-me que continuem a surgir queixas de jogadores pressionados para assinar as referidas declarações e, consequentemente, que haja quem certifique contabilisticamente o cumprimento por parte dos clubes, neste contexto. Apelo aos ROC´s para que honrem as suas obrigações profissionais e deontológicas.

O Sindicato diligenciará junto da Liga e, em particular, da sua comissão de auditoria para um controlo financeiro apertado e sem exceções. Somos os primeiros a viabilizar soluções que não comprometam a estabilidade competitiva, mas defendemos sem exceções que deve competir quem tem condições para tal. A gestão danosa que ocorre em muitos clubes portugueses deve ser sancionada exemplarmente por quem tem responsabilidade fiscalizadora e organizativa. Basta de velhos hábitos.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (12 de dezembro de 2017)
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