Limites


Vários jogadores têm vindo a revelar a dureza e o desgaste psicológico causado pelo exercício da profissão, seja por fatores internos relacionados com a pressão própria da competição desportiva, seja por fatores externos, e tantas vezes incontroláveis, que surgem na envolvência do dia-a-dia, na relação com os colegas, treinadores, dirigentes ou adeptos.

Per Mertesacker, um dos capitães do Arsenal, revelou, aos 33 anos e em final de carreira, sofrer de enorme ansiedade antes dos jogos, o que o leva à indisposição física. Apesar do sucesso individual, desfruta cada vez menos da profissão. Outro exemplo de enorme desgaste psicológico e emocional foi relatado por André Gomes, que perante o descontentamento e a crítica fervorosa dos adeptos do Barcelona, o tem levado a duvidar de si mesmo e a um certo isolamento. Há pouco tempo conhecemos, também, o caso do judoca Célio Dias, que afetado por doença mental, no caso diagnosticada, tentou o suicídio por mais que uma vez.

A saúde mental no desporto continua a ser menorizada. São poucos os jogadores que expõem as suas dificuldades, menos ainda os que procuram algum tipo de apoio especializado. Consciente desta realidade, o Sindicato desenvolveu um projeto que se encontra em fase de implementação e pretende responder ao sofrimento escondido de muitos atletas.

A exposição mediática do jogador e pressão constante ajudam a compreender os riscos relacionados com perturbações psicológicas, manifestadas de inúmeras formas como a dificuldade em dormir, as adições, a ansiedade incontrolável, o descontrolo emocional, que afetam as relações pessoais e profissionais. A formação integral do atleta, desde a construção da identidade pessoal ao pós-carreira, não pode ignorar este tema.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (13 de março de 2018)

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