Salários no futebol: retrocesso ou evolução?


Recentemente, a imprensa desportiva divulgou que o valor médio dos salários pagos a jogadores na 1.ª Liga tem vindo a crescer, assinalando uma evolução positiva relativamente ao investimento dos clubes neste patamar.

A análise, segmentada, é indiscutivelmente influenciada pela capacidade de investimento dos clubes que compõem os primeiros lugares da tabela do nosso principal escalão. Num espetro mais alargado, que merece igualmente reflexão, por refletir a sustentabilidade dos agentes que atuam no fenómeno, será fácil perceber que o valor salarial médio dos jogadores profissionais de futebol é significativamente mais baixo.

A opinião pública tem, há muito, uma imagem da capacidade financeira do jogador que resulta do mediatismo e da promoção do negócio, conseguida pelos grandes clubes. Se considerarmos, por exemplo, a negociação dos últimos anos sobre o regime transitório para os salários mínimos na Segunda Liga, poderemos ter uma visão, mais abrangente, do crescimento a diferentes velocidades.

Não restam dúvidas que a evolução favorável da conjuntura económica nacional deve refletir-se nas condições salariais e na estabilidade financeira dos jogadores e clubes que integram a competição, tornando-a mais justa e equilibrada. Por todos estes fatores, e pela análise feita no terreno, duvido do "disparo" nos valores salariais praticados, a que as referidas notícias fazem alusão.

Além desta temática, esta semana quero louvar o congresso internacional “The Future of Football”, organizado pelo Sporting. O futebol português carece de espaços de debate e reflexão, em intercâmbio com as melhores práticas nacionais e internacionais, permitindo apreender as melhores práticas em vigor e adaptá-las à realidade de cada agente.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (27 de março de 2018)

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