Espiral negativa


Na semana passada, oportunamente e de forma responsável, o Sindicato dos Jogadores e os capitães de equipa das ligas profissionais apelaram aos dirigentes para que, nas jornadas que faltam para o término do campeonato, fossem criadas condições mínimas para o exercício da sua atividade, não visando os jogadores na sua idoneidade profissional e pessoal. Em síntese, exigiram respeito.

Isto não significa que os dirigentes não possam escrutinar a atividade dos atletas, nomeadamente o cumprimento dos seus deveres. Podem e devem, quando existam razões para tal e sejam dadas condições de defesa.

Tive oportunidade de dizer que estes processos devem ser dirimidos no local próprio, recorrendo aos mecanismos legais existentes e que regem o normal relacionamento entre entidade patronal e trabalhadores, evitando a exposição pública e os danos causados aos jogadores e às suas famílias.

Este princípio basilar permite um distanciamento do foco do conflito, ponderação e, muitas das vezes, uma aproximação entre as partes, que resulta dos objetivos prosseguidos em comum. Tem de existir capacidade de resolver internamente o que é do foro interno.

Apesar do apelo do Sindicato, não tinha ilusões quanto ao agravamento do clima que estávamos a viver, primeiro porque as pessoas não mudam de atitude de um dia para o outro, depois porque há demasiados interesses em causa.

Ora, neste contexto, não cuidar de saber o impacto junto dos demais e desconhecer o alcance dos media e redes socias, potencia um ambiente devastador.

O que se está a passar no Sporting é o reflexo de uma espiral negativa. Envolveram-se os jogadores, treinadores, adeptos, cidadãos em geral, numa discussão que poderia e deveria ser resolvida internamente. A bem do futebol.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (10 de abril de 2018)

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