A violência no e do futebol


Terminada a época desportiva é habitual fazer-se um balanço dos temas que marcaram a agenda desportiva. Quero destacar a violência galopante no futebol como o fator de maior preocupação, a par de fenómenos que comprometem a integridade da competição, como o match-fixing, sobre os quais todos os agentes desportivos, e muito em concreto no futebol, devem ponderar para promover uma atitude, conjunta, de mudança.

A divulgação do relatório da PSP sobre a época 2016/17 não surpreende. Dos 2185 casos de violência no desporto registados, mais de 95% dizem respeito ao futebol, com os adeptos dos três grandes a registarem o maior número de ocorrências: 37,2 % provocadas por adeptos do Benfica, 27,8 % por adeptos do FC Porto e 18,8% por adeptos do Sporting.

O debate parlamentar de abril e todos os eventos que marcaram este final de época, com especial foco na invasão da Academia de Alcochete, deve, pelo menos, levar-nos a concluir pela urgência de uma resposta concertada entre os agentes do desporto e as forças de segurança, de uma ação célere e contundente para os que utilizam o desporto para promover o ódio e a violência, e, ainda, uma ação pedagógica desde os escalões de base e para todos os que se envolvem no futebol.

Esta é talvez a maior dificuldade. Reconhecer que é um problema, ainda que não exclusivo do desporto, com esmagadora preponderância e contribuição do futebol, alimentado por razões políticas, ideológicas e que encerra uma batalha perdida se os dirigentes não exercerem a responsabilidade que sobre eles impende para construir um ambiente saudável dentro da rivalidade desportiva.

Quero, finalmente, dar os parabéns à equipa feminina do Sporting, pela conquista da Taça de Portugal e deixar uma mensagem de força às jogadoras do Braga, que venderam cara a derrota em mais uma final memorável para o futebol feminino nacional.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (29 de maio de 2018)

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