De cabeça erguida


A nossa Seleção disse adeus ao Mundial num jogo impróprio para cardíacos. Quero valorizar o trabalho dos jogadores, equipa técnica e direção da FPF ao longo da campanha de qualificação e em particular neste torneio.

Honraram o nosso país e fizeram-nos acreditar a cada jogo no talento desta Seleção. Saímos demasiado cedo, num jogo apesar de tudo bem conseguido. Custa, mas não nos impede de sair de cabeça erguida, confiantes no futuro.

A vitória do Uruguai sobre Portugal, assim como a da Rússia sobre a Espanha, reacenderam uma questão que me parece importante realçar na participação das principais seleções europeias.

Faltou frescura física em jogadores que decidem e houve dificuldades em impor a qualidade do jogo, no confronto com adversários teoricamente menos capacitados.

Um dos fatores que, indiscutivelmente, contribui para essas dificuldades físicas é o elevado número de jogos a que os jogadores estão sujeitos ao longo da época. O calendário, nacional e internacional, numa altura em que estão projetadas novas competições, como a Liga das Nações, é um tema central, que deve ser debatido pelas organizações que tutelam o fenómeno.

A competição não pode ser pensada apenas numa lógica de exploração do mercado, mas antes com uma preocupação em conseguir um equilíbrio entre a satisfação do adepto, investidor ou patrocinador e a sustentabilidade que começa na garantia das condições de saúde e bem-estar dos praticantes.

De volta à delegação portuguesa, deixo uma mensagem de força à geração que teve a sua primeira experiência num Mundial. Acreditamos em vocês, no vosso talento e naquilo que certamente ainda conquistarão pelo vosso país. Por agora, bom descanso e um grande regresso às quatro linhas!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (3 de julho de 2018)

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