Porta fechada, sanção que ninguém quer


Depois de serem conhecidas as decisões do Conselho de Disciplina da FPF, relativamente à realização de um jogo à porta fechada para Benfica, Braga e Paços de Ferreira, além dos demais processos disciplinares em curso, e sem prejuízo de existirem diferentes teses sobre a responsabilidade dos clubes por atos praticados pelos seus adeptos, retenho-me no fenómeno e no impacto da aplicação destas sanções.

Sobre a agressividade, violência ou destabilização do espetáculo desportivo fui escrevendo algumas linhas ao longo da última época desportiva, associadas infelizmente a episódios que comprometeram a segurança dos agentes desportivos e a imagem das nossas competições. Reforço que este problema não nasce no futebol, tem uma génese social, que a modalidade amplifica pelo impacto mediático que tem no país.

Interditar um estádio é uma sanção radical e que, naturalmente, gera descontentamento para os que não perpetraram atos de violência, ao mesmo tempo que tem um impacto financeiro considerável para os clubes afetados e na imagem da competição. Esta soma de prejuízos tenta dissuadir comportamentos ilícitos, mas deve ser enquadrada numa ação mais abrangente.

Aguardo expectante pela ação da recém-criada Autoridade para a prevenção e combate à violência no desporto, que num quadro legal renovado e em articulação com os órgãos disciplinares pode, de facto, atacar o problema como todos queremos, identificando os responsáveis e aplicando sanções que os inibam de continuar a perturbar o espetáculo desportivo.

Para terminar, ressalvo o gesto do jogador Lucas Áfrico, após expulsão no jogo entre Marítimo e do Sporting, respondeu dignamente ao erro cometido e quero manifestar o meu pesar, deixando um abraço de toda a equipa do Sindicato ao Yannick Djaló, que tragicamente perdeu a irmã no último fim de semana.


Artigo de opinião publicado em: jornal Record (18 de setembro de 2018)

Mais Opiniões.