Os porquês das cedências


Recentemente tomei posição sobre o tópico das cedências no futebol e os objetivos levados a cabo pela reforma promovida no seguimento do acordo entre FIFPro e FIFA.

Os problemas dos vulgos empréstimos foram identificados ao longo desta negociação, pelo desvirtuamento do seu objetivo primordial, potenciar o desenvolvimento dos jogadores, em particular os jovens que, encontrando espaço competitivo privilegiado noutro clube, crescem mais rapidamente e acrescentam mais-valia no seu retorno. Três partes envolvidas e todas a ganhar.

Porém, hoje tudo é mais nubloso, assistimos a fenómenos como as chamadas "bridge transfers", estratégias de cedência de direitos federativos que, além de visarem contornar a proibição do chamado TPO, representam muitas vezes tentativas de "expurgar" o clube de destino final do cumprimento de outras obrigações.

Esta task-force internacional está também ciente da frequente utilização da figura do empréstimo como forma de reforçar o poder de influência de um clube (cedente) sobre outro (cessionário) e os inerentes prejuízos que resultam para a competição. Felizmente, a regulamentação desportiva a nível nacional tem vindo a atuar restritivamente, mas as novidades que aí vêm irão trazer, assim o esperamos, maior clareza sobre aquilo que uma cedência temporária deve ser.

Em Portugal, como no mundo, também já o escrevi, espera-se um negócio menos assente em cedências e promessas futuras e mais alicerçado em segurança, políticas de redistribuição sustentável de receitas, transparência e controlo financeiro que podem, efetivamente, tornar mais justo e equilibrado o mercado. Hoje, os grandes clubes ficam a ganhar.

Nota final para mais uma brilhante campanha do Miguel Oliveira em Moto2. Mais um jovem a honrar o país nos palcos internacionais.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (6 de novembro de 2018)

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