A voz mundial do jogador


Regresso a Portugal depois do congresso mundial da FIFPro, que decorreu em Roma, cidade que acolheu, simultaneamente, os festejos do 50.º aniversário dos nossos homólogos italianos, a Associazione Italiana Calciatori (AIC).

Foram muitos os temas abordados, demasiados para expor com detalhe nesta rubrica. Destaco os quadros competitivos, designadamente o anúncio da criação de novas competições por UEFA e FIFA, que está na ordem do dia também em Portugal.

Exige-se uma reflexão séria, colocando em ponderação os interesses dos vários intervenientes no espetáculo desportivo, seja a solidariedade e repartição de receitas entre clubes de maior e menor dimensão, seja a salvaguarda da saúde e das condições mínimas exigíveis para os nossos praticantes.

Muito se tem ouvido sobre o impacto económico e o interesse do espetador ou dos clubes, pouco sobre o que representam as mudanças para o futuro do jogo e para a estabilidade dos que nele participam.

A integridade e a igualdade são valores absolutos que devem nortear a FIFA e a UEFA que, para tanto, devem promover ativamente políticas de redistribuição financeira, numa lógica de solidariedade.

Paralelamente, deve assegurar-se, através das associações de classe, nomeadamente, a educação, a saúde e a proteção social. A saúde mental foi tema em destaque neste congresso.

Fomos surpreendidos com o comunicado da FIFPro sobre a situação em Chipre, em investigação, mas revela um nexo causal entre substâncias administradas a jogadores para acelerar a sua recuperação física e graves problemas cardíacos.

Comprometidos ficaram os direitos a informação precisa sobre os efeitos dos componentes administrados, designadamente dos riscos que comportavam, bem como a um tratamento adequado das complicações que, entretanto, surgiram. Foi um congresso participado na defesa do jogador e do futebol.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (4 de dezembro de 2018)

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