Um olhar à primeira volta


O clássico deste fim-de-semana foi, certamente, um dos jogos mais intensos da primeira volta da Liga NOS. Um ambiente fantástico e um jogo que, também por força do horário em que se realizou, permitiu desfrutar do sol de Lisboa. É difícil compatibilizar os interesses do operador com a necessidade de atrair adeptos aos estádios e levar mais famílias aos jogos. Valeu a pena.

O balanço que faço da primeira metade da época é positivo, na medida em que deixa tudo em aberto. O FC Porto, pelo que fez nacional e internacionalmente, merece destaque. Ficam, no entanto, fortes recomendações para um trabalho em articulação noutras matérias.

No que respeita à violência e às manifestações discriminatórias dentro e fora dos recintos desportivos, o Sindicato, à semelhança de outras entidades do setor desportivo, fez propostas de revisão à lei que regula o tema; falta, porém, uma articulação no plano educativo e na sensibilização que deve abranger diferentes faixas etárias, articulada com sanções desportivas severas para os agentes desportivos prevaricadores.

Nota negativa para a imigração ilegal, verificada especialmente em clubes do Campeonato de Portugal. Não se aceita, com toda a informação disponível, que continuem a existir agentes desportivos que compactuem com estas práticas, nem pode aceitar-se o negócio gerado por terceiros, muitas vezes falsos intermediários, que vendo no futebol uma hipótese de enriquecimento rápido atropelam os trâmites legais e abandonam à sua sorte jovens jogadores que não conseguem vingar, muitos deles menores.

A este respeito não seremos condescendentes e denunciaremos ao SEF todas as situações que colocam o futebol português na rota do tráfico humano.

Janeiro é também mês de controlo financeiro nas competições profissionais. O regulamento obriga à regularização salarial até final de dezembro, mas existem casos que levantam dúvidas. Nesta matéria apelo à responsabilidade de dirigentes e, sobretudo, ao papel da Liga enquanto garante do cumprimento destas obrigações e da igualdade entre os clubes.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (15 de janeiro de 2019)

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