A ferida aberta da imigração ilegal


Esta tem sido uma época desportiva fustigada por notícias de ações de fiscalização do SEF e respetiva deteção de jogadores em situação irregular. Volto ao tema e apelo à responsabilidade de todos os agentes desportivos, especialmente ao nível do futebol distrital, onde ocorrem cada vez mais incidências.

Existe hoje informação clara sobre as condições em que cidadãos estrangeiros que não residam em Portugal podem exercer uma atividade desportiva. Contudo, persistem os casos de cidadãos com isenção de visto para turismo ou posse de visto para o mesmo efeito que permanecem tantas vezes em condições desumanas ao serviço de um determinado clube.

Multiplicam-se os casos em que não sendo sequer requerida a inscrição desportiva de jovens atletas, alguns deles menores, estes treinam e pernoitam em condições indignas na busca do sonho que lhe foi prometido.

Mais grave se torna esta situação quando os prevaricadores são predominantemente clubes locais, que deveriam trabalhar o desporto recreativo e a formação de jovens locais, ao invés de se seduzirem com propostas de enriquecimento fácil à custa de jogadores.

Basta de discutir responsabilidades entre clubes e agentes ou terceiros que recrutam jogadores. O Sindicato defenderá sempre a proteção da dignidade destas pessoas, que deve começar na punição de todos os que contribuíram para a situação ilegal e desumana em que se encontram. Estamos, por isso, a trabalhar numa proposta que, pela via legal, ou regulamentar, possa ser dissuasora.

Termino com uma nota de pesar pelo falecimento de Vítor Campos, figura incontornável da Académica de Coimbra e um exemplo do que defendemos tantos anos depois como o modelo ideal para o desenvolvimento de um jogador, focado na carreira dual.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (12 de março de 2019)

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