Concertação social


A semana que passou ficou marcada por dois momentos de reflexão ‘estrutural’ no futebol e do desporto em Portugal. No Parlamento, as entidades representativas dos diferentes agentes desportivos foram ouvidas pelo grupo de trabalho respetivo, sobre as propostas de revisão da lei de combate à violência, racismo e xenofobia, e do regime de acesso à atividade de treinador.

Na Cidade do Futebol, a Federação Portuguesa de Futebol acolheu reunião com presidentes de clubes e Liga, discutindo matérias com influência decisiva na capacidade competitiva e no reconhecimento das nossas competições nacionais.

Embora extremamente positivos estes espaços abertos à discussão, um na casa da democracia, outro na casa do futebol, não traduzem uma abordagem holística do fenómeno. Continua a ser ‘o interesse individual’ e do mais forte e não a vontade de uma efetiva concertação a ditar a estratégia negocial. Ora, enquanto a solução antecipar o debate, a estratégia estará condenada ao fracasso.

No que nos diz respeito, na ótica do jogador e do futebol, temos uma visão integral e propostas para discutir, bem como analisar as dos outros, numa base de respeito e de cedências mútuas, posição que transmiti ao presidente da Federação.

Uma chamada de atenção para o nosso interlocutor por natureza, a Liga, apelando a um diálogo social continuado, sério e leal, onde os agentes do setor assumam identidade própria e o critério seja a oportunidade e qualidade das propostas e não a quantidade dos apoios.

Por fim, embora no momento em que escrevo este texto não saiba qual o resultado da partida entre Portugal e Sérvia, tal não me inibe de reforçar a confiança na qualificação e destacar a importância que as Seleções, masculinas e femininas, têm tido para uma afirmação do talento e um reconhecimento do trabalho desenvolvido em Portugal, contra uma maré de forte conflituosidade.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (26 de março de 2019)

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