Caminho de descrédito


No momento em que escrevo estas linhas e de acordo com a regulamentação da Liga, estamos a poucas horas do fim do prazo do segundo controlo financeiro para as sociedades desportivas.

Desta forma, os clubes participantes nas competições profissionais estão obrigados a comprovar o pagamento de salários vencidos até final de março de 2019. Embora saibamos de casos pontuais de atraso, creio que o sistema implementado nas competições profissionais e o escrutínio que hoje existe sobre a prova, efetiva, do pagamento de salários, minimiza a gravidade das situações existentes.

O Sindicato congratula-se pela inversão do ónus da prova e pelo fim da "ditadura das declarações de quitação", assinadas, tantas vezes, pelos jogadores, sob coação.

No Campeonato de Portugal a realidade é outra. O caso mais recente a lamentar é do Vilafranquense. Um clube histórico, bem posicionado na série C do Campeonato de Portugal, que só não deitou, ainda, tudo a perder, pelo espírito de sacrifício dos jogadores. Infelizmente não é caso único e afeta, gravemente, a integridade da competição.

Num campeonato não profissional, onde o investimento é cada vez maior e onde proliferam SAD’s com projetos ambiciosos, não podemos continuar a usar a natureza da competição como desculpa para a falta de mecanismos de controlo financeiro e sanções adequadas para os clubes que não honram os seus compromissos.

Não é compaginável que os dirigentes do Vilafranquense assumam um projeto desportivo sem garantias mínimas de sustentabilidade. O Fundo de Garantia Salarial, que o Sindicato acionou neste caso, visa acorrer a situações de desespero e necessidade, não substituir os clubes no cumprimento de obrigações que assumiram.

A imagem do futebol português fica seriamente afetada e o Sindicato voltará a alertar a tutela para a necessidade de mais mecanismos de fiscalização.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (16 de abril de 2019)

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