O futebol que queremos


São cada vez mais os espaços de debate e reflexão pública sobre a indústria do futebol e o seu futuro. Não deixa de ser relevante o espaço concedido a dirigentes e representantes de diferentes organizações e clubes para mostrarem as suas ideias e pontos de vista, diminuindo o espaço para o comentário especulativo e desconstrutivo.

A última iniciativa, da Renascença, merece, por isso, destaque. São muitos e variados os temas sobre os quais tenho sido convidado a refletir na ótica do jogador.

Discutem-se, no momento, os quadros competitivos, calendários nacionais e internacionais, a sustentabilidade das ligas, alicerçada na distribuição da riqueza gerada, na transparência, boa governação, a proteção de menores, a reforma do sistema de transferências, a atividade dos intermediários, a fiscalidade e a proteção social dos atletas, entre outros.

Tudo temas onde não existem verdades absolutas, mas antes diferentes pontos de vista que devem convergir, em última instância, para o desenvolvimento sustentável do futebol, com respeito por direitos laborais e humanos e a diminuição das dicotomias económicas e estruturais que colocam de um lado riqueza extrema, do outro a precariedade e no final desequilíbrio competitivo.

Em muitas destas matérias, o Sindicato parte de premissas fundamentais. Nos quadros competitivos, por exemplo, defendemos a proteção da saúde como valor essencial, defendemos as medidas que valorizem o espaço dos jovens jogadores formados localmente e desejamos uma distribuição de receitas, como direitos televisivos, que respeitando critérios de equidade e equilíbrio competitivo, possam premiar os clubes e sociedades desportivas que cumpram escrupulosamente com as suas obrigações e promovam um modelo sustentado com base na formação e aposta nos jovens jogadores formados.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (4 de junho de 2019)

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