Proteger o jogador, proteger o futebol


Assisti com preocupação a mais um episódio fora das quatro linhas que assumiu, inexplicavelmente, os holofotes dos meios de comunicação. Falo da reação intempestiva do Bruno Fernandes, no Bessa.

Sem entrar a fundo na discussão sobre o porquê destas imagens merecerem largas horas de análise e escrutínio sob os mais diferentes pontos de vista, não posso deixar de criticar este 'modus operandi' que marca de forma muito significativa aquilo que nos vai distinguindo, pela negativa, de outros países.

O que não é aceitável é um julgamento de caráter por quem não tem legitimidade desportiva e pessoal.

O Bruno teve uma reação impulsiva a uma expulsão, num jogo muito desgastante, física e psicologicamente. Assumiu o erro, dignamente, talvez quem divulgou sistematicamente as imagens tivesse o dever de assumir, igualmente, o erro de invadir o espaço público com imagens de um atleta frustrado a pontapear uma porta, na esperança de arrebatar audiências.

Faço, por isso, a defesa da honra do Bruno Fernandes enquanto capitão do Sporting Clube de Portugal e jogador da Seleção Nacional. Realço o seu caráter e o exemplo que representa para colegas de profissão, dirigentes e adeptos. Uma liderança imposta com naturalidade, pelas qualidades desportivas, mas também humanas, e que este episódio, certamente, não abalará.

Nesta defesa pública estou acompanhado dos jogadores de futebol, treinadores, árbitros e demais agentes desportivos, mas gostava de ver mais pessoas a levantar a sua voz na defesa do talento nacional, na defesa do nosso património desportivo.

À margem, esta terça-feira, pelas 15h30, na Academia do Jogador, em Odivelas, o Sindicato dos Jogadores assinalará a Semana Europeia do Desporto. Aparece. Be active!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (24 de setembro de 2019)

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