Saúde mental: fim do tabu


No próximo dia 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental e não há melhor ocasião para apresentar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Sindicato dos Jogadores nesta matéria.

Antes de ir ao nosso evento, quero elogiar o Carlos Fernandes, que aos 39 anos integrou o Estágio do Jogador e teve um comportamento exemplar para com o grupo de jogadores sem contrato a quem passou valiosos ensinamentos sobre as vicissitudes da carreira de futebolista.

Este fim-de-semana, numa entrevista que aconselho a todos, o Carlos deu o testemunho sobre o que representa para si o futebol, aquilo que sente quando pensa em deixar de jogar e, sobretudo, a solitária caminhada que marca o final de carreira e as marcas profundas que deixa na pessoa e nas relações com os colegas, amigos e familiares que o rodeiam.

Hoje existe base científica por detrás das perceções sobre problemas de saúde mental associados, com maior ou menor correlação, às vivências da carreira de futebolista profissional, em Portugal.

Num inquérito levado a cabo pelo Sindicato, jogadores e jogadoras profissionais disseram de sua justiça sobre estados de espírito, contextos familiares e profissionais ao longo da carreira, permitindo a produção de dados objetivos e a comparação com alguns dos indicadores internacionais sobre o tema.

No próximo dia 10 de outubro, no Museu Nacional do Desporto, vamos apresentar estes dados e debatê-los na perspetiva do praticante e dos técnicos de psicologia que trabalham estas questões no seu dia a dia. Desafio os diversos agentes desportivos a estarem presentes neste momento de reflexão.

Num contexto de industrialização do futebol, perante o desgaste físico e psicológico cada vez mais marcado, para satisfação de quadros competitivos cada vez mais exigentes, é indiscutível que na base do apoio integrado aos atletas deve estar o acompanhamento para questões de saúde mental

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (8 de outubro de 2019)

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