Para onde corre o futebol português?

Numa altura decisiva para a Selecção Nacional em termos de qualificação para o campeonato do mundo, o Sindicato tem a ousadia de suscitar a questão em apreço, ou seja, a de saber qual o futuro do futebol português.
Para uma pergunta tão genérica muitas respostas se perfilam já que múltiplas são as perspectivas de análise.
No entanto, o que aqui e agora nos move é, sobretudo, colmatar a ausência de uma politica de desenvolvimento integrado desde a base ao topo da pirâmide do futebol nacional. Ora, o caminho certo implica:
- a defesa do jogador português nos vários escalões competitivos o que pressupõe uma aposta na formação com a consequente garantia de progressão na carreira;
- uma gestão eficiente e responsável dos clubes;
- a fiscalização e acompanhamento pelas entidades competentes – Federação e Liga – do cumprimento das regras de acesso e participação.
Será isto o que actualmente sucede?
Infelizmente a resposta tem de ser dada pela negativa, já que, nomeadamente, se constata:
- a aposta maciça e desenfreada em jogadores estrangeiros, quer ao nível das camadas jovens, quer nos demais escalões, assente numa política meramente desportiva e de lucro fácil;
- o desemprego galopante com que se depara o jogador português, obrigado a emigrar apesar da sua qualidade inacta;
-a perda de competitividade dos clubes e selecções nacionais;
-a redução da massa salarial, a delapidação patrimonial de clubes históricos e a amplitude orçamental entre clubes.
- o descrédito dos dirigentes desportivos, ferindo de morte o “negócio do futebol”.
Impõe-se, por isso, uma discussão aberta, sem tabus e condicionamentos no âmbito das entidades que superintendem o futebol, concretamente a Federação e a Liga.
Acresce que, tendo a época desportiva arrancado em Agosto, as análises têm-se reportado apenas às questões de arbitragem e/ou aos resultados desportivos.
Ao contrário as instâncias internacionais - UEFA e FIFA - , atenta a conjuntura de crise mundial, discute, efectivamente e entre outras, novas regras financeiras e orçamentais, o equilíbrio entre jogadores nacionais e estrangeiros, os direitos televisivos, a politica salarial, os novos modelos de competição e financiamento e as regras de “boa governação”.
Perante o “silêncio ensurdecedor” a que assistimos exige-se uma mudança de atitude ou, se necessário, a mudança de intervenientes.