Os contrastes do futebol


Esta semana, em total solidariedade com o Caetano, que teve a coragem e o discernimento para esclarecer publicamente, em conferência de imprensa no Sindicato dos Jogadores, o inferno por que tem passado desde que, em maio deste ano, recebeu a proposta para ser jogador do Paços de Ferreira, encerro o assunto com duas notas.

A primeira na perspetiva do Sindicato. Felizmente não existimos apenas para intervir quando os clubes incumprem com o pagamento de salários, matéria em que o Paços tem sido, de facto, irrepreensível. Existimos para defender os interesses legítimos dos jogadores, sempre que são confrontados com abusos laborais, com falsas promessas ou atropelos aos seus direitos enquanto atletas e pessoas.

A segunda nota na perspetiva do jogador. Só posso elogiar o caráter e a paciência com que durante meses o Caetano tem comprometido a sua carreira na expetativa de ser jogador do Paços, como lhe fora prometido e contratualizado. Aguardou que, até à última, o informassem se podia começar a trabalhar ou se o clube havia recuado e podiam rasgar o contrato. O que aconteceu foi uma indiferença e promessas sem fim, com prejuízos ainda por apurar.

A contrastar, pela positiva, quero dar os mais sinceros parabéns ao Jorge Jesus e à sua equipa técnica pela conquista da Libertadores e do Brasileirão. Este sucesso é mérito de Jorge Jesus, produto da forma como vive e respira o futebol, da simbiose quase perfeita entre os seus talentos e métodos de trabalho com o potencial dos jogadores brasileiros.

Deixa-nos, enquanto portugueses, cheios de orgulho, mas o patriotismo não deve toldar a razão, nem servir para apropriação do trabalho e do sucesso de Jesus, mentor deste grande projeto para colocar o Flamengo ao nível dos melhores clubes do mundo.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (26 de novembro de 2019)

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