Os focos de conflito


Face aos acontecimentos recentes, o difícil é escolher o tema que merece uma tomada de posição, dos que têm responsabilidades institucionais, e uma atitude de condenação pelo dano causado na vida dos jogadores e à imagem do futebol português.

Começo pelo incumprimento salarial que volta a pairar sobre a 2.ª Liga e Campeonato de Portugal. Sobre o Vilafranquense, que já no ano passado incumpriu e obrigou à intervenção do Sindicato, lamenta-se que mesmo com critérios definidos para o licenciamento e acesso às competições profissionais, os jogadores, que têm tido um comportamento exemplar dentro e fora de campo, voltem a passar por uma situação destas.

Dirigentes e administrações que perpetuam atos de má gestão têm de sofrer sanções que evitem a degradação das condições de trabalho e afetem a integridade das competições.

Também o plantel da U. Leiria decidiu tomar posição face ao incumprimento salarial. Enquanto o Campeonato de Portugal permitir aos competidores atos de incumprimento das obrigações assumidas, sem um regime sancionatório eficaz, teremos a perversidade de um modelo competitivo em que o sucesso desportivo é muitas vezes incompatível com o sucesso na gestão dos clubes e SAD, com prejuízo para todos os seus trabalhadores. Mantenho o princípio fundamental: só pode competir quem tenha condições para tal.

Finalmente, associo-me ao que já foi expresso por muitas figuras do futebol português nas últimas horas, condenando em absoluto a violência psicológica sobre os jogadores do Sporting.

O que aconteceu em Alcochete é uma ferida aberta na dignidade do nosso futebol e invocar esses acontecimentos constitui uma inaceitável forma de violência, dirigida a todos os que trabalham diariamente pelo sucesso do Sporting, mas também por quem trabalha pela integridade e desenvolvimento do futebol português.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (17 de dezembro de 2019)

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