O nascimento da ANFA
Foi com enorme orgulho que no passado sábado estive presente na tomada de posse da recém-criada Associação Nacional dos Futebolistas de Angola, órgão representativo dos jogadores e jogadoras, que nasceu com o suporte do Sindicato dos Jogadores português.
Este projeto orgulha-me, por ser uma afirmação das relações lusófonas e da cooperação entre Portugal e Angola, país referenciado por estes dias pelas suspeitas de corrupção e a imagem de profundas desigualdades sociais e económicas.
Também por isso, esta iniciativa merece destaque. A ANFA, liderada pelo Igor Nascimento e apadrinhada pelo ex-internacional Akwá, apresentou-se perante jogadores, clubes, Federação e direção geral dos desportos como uma entidade conciliadora, que procurará defender e valorizar a carreira de todos os futebolistas.
Enquanto as notícias mostram um país marcado pela desigualdade, esbulhado de uma riqueza imensa que podia tirar grande parte do seu povo da miséria, iniciativas como esta, num setor com grande potencial de crescimento, fazem-nos ter certeza de que há muitos cidadãos angolanos capacitados, interessados e dispostos a contribuir para a defesa dos direitos e interesses dos seus concidadãos.
Encontrei, junto dos agentes desportivos e do governo angolano, um imenso respeito e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo Sindicato dos Jogadores e pela Federação Portuguesa de Futebol.
O que fazemos a nível nacional e internacional é seguido atentamente e aumenta a responsabilidade de mostrar, numa indústria que também é marcada por grandes assimetrias, a nossa solidariedade e apoio técnico.
Desejo à ANFA um próspero e sustentado crescimento como organização, assente num modelo de transparência e boa governação, sendo a verdadeira voz dos jogadores em Angola.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (21 de janeiro de 2020)