Combater a violência


Esta semana abordo os episódios de violência que têm marcado o futebol português. Temos sido confrontados, diariamente, com as dificuldades de controlo dos adeptos que arremessam engenhos pirotécnicos, as agressões, as ameaças e ambiente hostil que se espalha um pouco por todo o país.

As agressões a dirigentes do Sporting no fim de semana, no espaço público e ambiente de impunidade, não deixam dúvidas de que o tema é grave e merece além de condenação por todos os dirigentes desportivos, o auxílio da intervenção do Estado, em articulação com os órgãos de polícia criminal, a nova autoridade para o combate à violência, clubes e até autarquias, de modo a garantir a segurança de todos, dentro e fora dos recintos desportivos.

Para os que se sobressaltam esporadicamente, recordo que o futebol tem estado sempre na linha da frente. A atual lei de combate à violência foi revista a partir de uma proposta de fundo apresentada pela Federação Portuguesa de Futebol ao parlamento, à qual o Sindicato e demais organizações desportivas se associaram, e que esteve na base da Autoridade para a Violência no Desporto, de um novo quadro sancionatório, bem como de medidas acessórias que se pretendiam, no seu espírito, combater de forma célere e eficaz a violência. Esta mudança de paradigma exige tempo, investimento e ajuda. Exige autoridade.

Procurar, a propósito da violência, protagonismo pessoal ou institucional é um erro. Este combate não é individual, não é de um clube, não é de uma instituição. É de todos. Como tal, deve exigir sentido de responsabilidade e unidade. Deve ser genuíno e permitir, de uma vez por todas, retirar a quem perpetua atos de violência a possibilidade de continuar, como adepto, num espetáculo desportivo. A violência combate-se com autoridade, é uma luta de todos.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (11 de fevereiro de 2020)

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