Marega


Esta semana, em cumprimento de um dever como presidente do Sindicato dos Jogadores, mas também enquanto cidadão, quero condenar os insultos racistas proferidos contra o jogador Moussa Marega.

Nas últimas horas assistimos a uma indignação generalizada, mas também a atitudes de desvalorização do tema, o que quando falamos de racismo e discriminação racial é bastante perigoso e propício a populismos.

O que se passou é tão grave quanto difícil de erradicar e não somos hipócritas por achar que é caso único. O Sindicato dos Jogadores tem procurado recolher no seu observatório relatos de diferentes casos onde a questão da discriminação racial foi tema e afetou, tanto o nosso futebol masculino como o feminino. Elogio a coragem de Marega, que neste caso dá voz a muitos outros.

Segue-se o parecer da comissão para a igualdade e contra a discriminação racial, que a nova autoridade para o combate à violência no desporto (APCVD) deverá, de imediato, requerer para que possa, em articulação com o Ministério Público, dar seguimento aos competentes procedimentos criminais. Nesta fase só podemos esperar total colaboração na disponibilização de imagens, gravações e outros relatos que ajudem o que se passou.

Além destes procedimentos legais, que se esperam céleres e severos para o grupo de adeptos, organizado ou não, que os praticou, continuamos a ter pela frente, no futebol, no desporto e noutros setores da sociedade, o dever de promover ações de sensibilização, de educar para a cidadania.

Muito foi dito sobre o papel dos jogadores, apanhados de surpresa no calor de um jogo. Disse-o publicamente e reitero, os jogadores estão unidos e nesta matéria dispostos a parar e exigir respeito, não tenho dúvidas. Marega, a família do futebol e, em especial, a família da FIFPro que congrega mais de 65 países, está contigo.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (18 de fevereiro de 2020)

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