Coragem em tempos difíceis


O tema incontornável é o Covid-19, o plano de contingência sem precedentes e a reflexão sobre medidas que minimizem o impacto económico devastador em todo o mundo.

Esperamos salvar vidas com as decisões tomadas. Foi essa a lógica que presidiu à decisão de suspender as competições em Portugal, atitude que já elogiei pela atuação dos capitães, num momento difícil em que a proteção da sua saúde e das famílias ditou uma posição de grande força.

O desporto deve trabalhar para que as medidas de contingência resultem num impacto mais reduzido do número de casos de agentes desportivos infetados e monitorizar ao pormenor a evolução do surto no país, seguindo sempre as recomendações da DGS para decidir quando e como poderá a atividade ser retomada.

Há, contudo, problemas que antecedem o surto e que não podem deixar de merecer uma resposta das entidades que tutelam o futebol. Na semana passada, o Sindicato foi convocado para tomar posição em nome dos jogadores que compõem o plantel principal e sub-23 do Aves.

A situação é caótica, alimentada por bastante contrainformação e tirando a voz ao desalento dos profissionais do Aves. Com a nossa intervenção, o plantel, legitimamente, esclareceu a situação e exige o tratamento digno que uma equipa que compete no mais alto escalão do futebol tem de receber.

Não foi apenas o incumprimento salarial que impressionou, mas igualmente o relato sobre condições de trabalho deficitárias. O Fundo de Garantia Salarial está à disposição, mas não resolve este caos, muito anterior ao Covid-19.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (17 de março de 2020)

Mais Opiniões.