Os sacrifícios de todos


Iniciamos mais uma semana de quarentena, suspensão das competições e consequente aumento das preocupações com a estabilidade das relações laborais no futebol profissional em Portugal.

Sindicato e Liga vão trabalhar de forma articulada, reforçada com a criação da comissão de acompanhamento do impacto do Covid-19 nas competições profissionais, desde logo, das questões relacionadas com a sustentabilidade dos clubes e necessidade de manter a estabilidade dos postos de trabalho.

A mesma articulação está a ser mantida para as competições não profissionais, com a FPF, em diálogo com muitos clubes em dificuldades para a gestão do seu orçamento. Nos últimos dias deixei o apelo para que o reajustamento que se exige a todos não seja feito, de forma imediata e irrefletida, à custa do direito ao salário dos jogadores.

O Sindicato agirá de forma responsável, mas está preocupado com a classe num todo, o que representa pensar nas centenas de atletas que auferem rendimentos baixos, muitos afetados por incumprimento anterior a esta crise e tantos outros que, longe do seu país de origem, dependem dos clubes para subsistir e cumprir as necessidades mais basilares como alojamento e alimentação.

Apesar dos maus exemplos, também neste contexto nos têm chegado relatos de clubes que, mesmo perante as dificuldades, mantêm os compromissos assumidos, o que merece o nosso elogio e empenho para que o sistema desportivo lhes possa responder.

Na lógica do que referiu o presidente da FIFA, Gianni Infantino, este é o momento de proteger a estabilidade dos contratos, embora todos saibam que são precisos sacrifícios. É, por isso, um tempo de avaliação, de criação de linhas de financiamento e estratégias para assegurar a liquidez imediata, de negociação coletiva, na procura de salvaguardar a dignidade do jogador e do ser humano.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (24 de março de 2020)

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