Liberdade em tempo de crise


O último sábado marcou um 25 de abril diferente de todos os outros, talvez com maior significado, por ser um dia para afirmar o exercício da nossa liberdade, individual e coletiva, mesmo em situação de confinamento.

As memórias de abril são essas mesmo, um momento da história onde o impossível se tornou alcançável com a união do país no sonho da liberdade. Liberdade essa que nunca foi tão importante exercer, de forma responsável e sem receios, algo que se aplica a todos os setores, incluindo o desportivo.

A liberdade de pensamento e a independência revelam-se tão essenciais para definir o presente, como indispensáveis para perspetivar um futuro em que os nossos quadros competitivos e a organização das nossas competições saiam reforçadas e vejamos salvaguardados direitos e garantias fundamentais de todos os intervenientes, aqueles direitos que num quadro de emergência podem ser afetados quanto ao seu exercício, mas nunca com carácter definitivo.

Muitas negociações do foro laboral deviam partir deste princípio, mas não só. O desporto de alta competição é feito do equilíbrio entre a delegação de poderes públicos e a autonomia do movimento associativo.

 

“AS MEMÓRIAS DE ABRIL SÃO ESSAS MESMO, UM MOMENTO DA HISTÓRIA ONDE O IMPOSSÍVEL SE TORNOU ALCANÇÁVEL COM A UNIÃO DO PAÍS NO SONHO DA LIBERDADE.”

 

Este é um tempo para reforçar a confiança recíproca entre as organizações desportivas, em que as divergências sejam encaradas com objetividade e possam garantir soluções que, depois de consensualizadas, pacifiquem a relação entre desporto, estado e comunidade.

Nessa medida, existem reformas que podemos começar a debater hoje, pensadas para além do estado de emergência e da crise de saúde pública que vivemos.

Estou convicto que em diferentes matérias, o maior desafio dos dirigentes desportivos será encontrar um caminho consensualizado para que depois desta pandemia possamos desenvolver o modelo de indústria desportiva que apresenta inúmeras falhas quanto à igualdade, integridade e solidariedade entre competidores.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (28 de abril de 2020)

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