Estamos e estaremos com as jogadoras


Esta semana, sem rodeios, quero deixar algumas ideias no que respeita ao estado atual do futebol feminino no nosso país. Ponto prévio, que resulta da posição já assumida pelo Sindicato. A FPF podia e devia ter feito um melhor enquadramento da medida do "limite orçamental", evitando leituras enviesadas e o movimento que surgiu podia e devia ter promovido o diálogo, pelos canais próprios, evitando trazer à colação a ideologia de género, que nunca esteve em causa.

Dito isto, importa unir esforços e não dividir. Numa modalidade onde o preconceito é o maior inimigo e que continua a ser muito deficitária, no final do dia a nossa prioridade são as condições, efetivas, para as jogadoras, independentemente do seu estatuto. 

No futebol feminino falta quase tudo. Faltam melhores condições desportivas e de trabalho, atrair investidores e distribuir a riqueza gerada, da base ao topo, aumentar o número de praticantes com a capacidade de profissionalizar mais jogadoras.

 

“IMPORTA UNIR ESFORÇOS E NÃO DIVIDIR. NUMA MODALIDADE ONDE O PRECONCEITO É O MAIOR INIMIGO E QUE CONTINUA A SER MUITO DEFICITÁRIA, NO FINAL DO DIA A NOSSA PRIORIDADE SÃO AS CONDIÇÕES, EFETIVAS, PARA AS JOGADORAS, INDEPENDENTEMENTE DO SEU ESTATUTO.” 

 

Nos últimos três anos, o trabalho do Sindicato e da Carla Couto, em particular, tem sido o de identificar os principais problemas nesta liga e procurar respostas adequadas para o futebol feminino em Portugal.

Estamos a finalizar, com a FPF, um acordo coletivo de trabalho capaz de responder a questões basilares como: o combate à precariedade dos vínculos laborais, fixando-se salários mínimos e um modelo contratual tipo, retardando o galopante recurso ao contrato de prestação de serviços ou figuras contratuais atípicas, incentivos à carreira dual, a proteção e assistência na maternidade e doença, a assistência médica e seguros, os horários e condições de trabalho, a prevenção do assédio, entre outros temas. Será o grande passo de modernização e desenvolvimento que as nossas jogadoras merecem.

Em síntese, estamos convencidos de que, de forma concertada, ultrapassaremos este mal-entendido, na certeza de que Federação, Sindicato e Jogadoras jogam na mesma equipa.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (23 de junho de 2020)

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