A Liga 3 e o que aí vem


O Sindicato dos Jogadores tem acompanhado de perto a situação difícil no Campeonato de Portugal e os problemas gerados, não só pelo contexto económico e social da pandemia, mas por comportamentos graves ao nível da gestão desportiva e financeira de alguns clubes, potenciados nas suas consequências pelo contexto de crise. Algumas das propostas que apresentámos à FPF para combater problemas identificados foram acolhidas, outras que se relacionam com o sistema de licenciamento, controlo salarial e salvaguarda dos créditos laborais dos jogadores ainda precisam, a nosso ver, de uma reforma, sendo manifesto que a precariedade laboral nesta competição contribuiu para o agravamento da situação pessoal e familiar de muitos jogadores e demais trabalhadores destes clubes nos últimos meses. Queremos e desejamos, por isso, que a anunciada “Liga 3” traga um nível de exigência, rigor orçamental e profissionalismo que afaste, definitivamente, práticas irregulares impunes, a começar pelo vínculos irregulares ou precários, uma competição com postos de trabalho estáveis para todos os intervenientes e em que sejam criadas, além de regras de exigência superior, apoios aos clubes e SAD´s que investem no sentido de cumprir a lei e os regulamentos. Num tempo como este, medidas de discriminação positiva são, também, fundamentais.

Noutras matérias relacionadas com esta crise, como o retorno do público aos estádios de futebol em Portugal, que representa uma importante fonte de receita mas, sobretudo, a essência deste desporto, não tenho dúvidas de que com medidas elementares de controlo no acesso e fiscalização, e à semelhança da experiência desenvolvida em vários países, é possível, e seguro, que isso aconteça, ao invés dos ajuntamentos em redor de recintos desportivos a que temos assistido.

Crónica publicada em: jornal Record (22 de setembro de 2020)

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