Contra o tráfico de seres humanos


No passado dia 18 de outubro assinalou-se o Dia Europeu Contra o Tráfico de Seres Humanos, instituído em 2007, simbolicamente numa altura em que Portugal assumia a presidência da União Europeia.

A primeira mensagem é de solidariedade para com as vítimas e de alerta para a existência, em múltiplos setores de atividade, de redes organizadas que exploram pessoas, desde logo para fins laborais.

O futebol não está imune ao tráfico e são vários os jogadores que o Sindicato sinalizou ao longo dos últimos anos. Existem redes organizadas para trazer cidadãos, maioritariamente jovens de zonas onde emerge talento como o Brasil, América do Sul, ou África, que acabam enganados e obrigados a sobreviver sem o salário ou condições que lhes foram prometidas.

Temos vários relatos de jogadores cujas famílias se endividaram e pagaram na origem a supostos intermediários que prometeram o sonho da entrada na Europa. O futebol é um dos setores onde este fenómeno existe e não podemos ignorar que divisões distritais e Campeonato de Portugal têm sido os escalões apetecíveis.

O Sindicato agiu, exigindo regulamentação mais apertada e sanções adequadas para dirigentes que pactuam com este fenómeno. Recentemente juntámo-nos à equipa da rede regional de Lisboa e Vale do Tejo de apoio e proteção a vítimas de tráfico de seres humanos.

Queremos dar voz a estes jogadores, mas sobretudo garantir resposta imediata para que se libertem e, se necessário, para que regressem em segurança à origem. Estamos a desenvolver vários materiais informativos e continuaremos a denunciar às autoridades competentes os casos que nos chegam, desde logo em articulação com o SEF. O futebol tem o dever de se expurgar deste crime hediondo. Não deixaremos ninguém para trás.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (20 de outubro de 2020)

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