Nós portugueses


Este fim-de-semana ficou marcado pela vitória inesquecível do Miguel Oliveira, em casa, rodeado dos seus. Associo-me publicamente aos muitos que já deram os parabéns ao Miguel. Dentro e fora da pista elevou, acima de tudo, o nome de Portugal.

Foi, também, um fim-de-semana de Taça de Portugal, uma competição que transporta a mística do nosso futebol, descentraliza e leva às comunidades o melhor que este desporto tem.

A pandemia forçou-nos a mais uma eliminatória sem público nos estádios e também por isso reforço o apelo público para que saibamos defender-nos deste maldito vírus para que, rapidamente, possa voltar o público e com ele o inestimável valor social e económico para os clubes.

Não podemos esquecer, igualmente, o pesadelo por que passa a formação, o abandono precoce e o crescimento em suspenso que obrigam, uma vez mais, a um plano de retoma gradual, adaptado às circunstâncias de cada modalidade e exigências de cada região. Não podemos de forma generalizada continuar a tirar o desporto aos nossos jovens.

Finalmente, as novidades da FIFA sobre a maternidade das jogadoras. No Sindicato dos Jogadores trabalhamos o tema há algum tempo, fruto das experiências internacionais e dos problemas identificados nalguns casos concretos.

O estudo "FIFPro Employment Report 2017" revelou que só 2% das jogadoras no ativo inquiridas tinham filhos, enquanto 47% afirmava que deixaria de jogar antecipadamente para constituir família, referindo sobretudo a falta de medidas de proteção na gravidez como o motivo.

Não é fácil encontrar um equilíbrio entre os interesses da atleta, mãe, e da entidade empregadora desportiva. Existem, porém, direitos fundamentais que, cabendo ao desporto regular na especialidade, não podem ser eliminados. Este é um dos casos em que a FIFA e os seus parceiros estão de parabéns.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (24 de novembro de 2020)

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