O luto e o apelo do desporto


Depois das trágicas mortes de Alex Apolinário e Paulo Diamantino, voltamos a ser confrontados com a perda de Alfredo Quintana, um atleta e ser humano de exceção. O impacto da notícia é bem visível na comunidade, partiu um desportista que inspirava os demais, com nobreza de caráter assinalável. Ao FC Porto, à família e amigos de Quintana deixo as mais sentidas condolências.

É difícil explicar estes acontecimentos e fica a sensação de que a pandemia, subtilmente, com todas as modificações que impôs no ritmo de vida, rotinas e carga competitiva dos atletas de alto rendimento, está a ter impactos físicos e psicológicos muito para além do que possamos neste momento conhecer.

A temática da morte súbita no desporto tornou-se um imperativo de consciência, um apelo à necessidade de trabalho conjunto, no acesso à investigação e absorção do conhecimento científico mais recente, da dotação de todos os clubes e modalidades com meios técnicos (formação em suporte básico de vida) e materiais (desfibrilhador) para prestação de assistência imediata, do melhoramento dos protocolos e adaptação do próprio plano de trabalho às novas contingências.

É um tema sobre o qual mesmo quando tudo foi bem feito nunca nos podemos dar por satisfeitos, porque a morte infelizmente continua a levar a melhor.

Quero, ainda, secundar o apelo que o presidente do Comité Olímpico de Portugal e as Federações Desportivas têm feito ao Governo para que o acesso a fundos europeus seja concretizado, garantindo a sustentabilidade e desenvolvimento do setor do desporto.

O potencial que tem para a estabilidade e recuperação da nossa comunidade não pode ser ignorado. É fundamental e urgente capacitar os agentes desportivos, para que possam dar resposta, desde a formação ao profissional.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (2 de março de 2021)

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