Desporto contra o racismo


O mundo continua a sofrer os efeitos do racismo sistémico, alimentado pelo discurso de ódio e pela ignorância. Destaco as palavras de António Guterres, Secretário-Geral da ONU, no dia 21 de março, particularmente elucidativas sobre a realidade atual.

O racismo mata, divide, discrimina e atira milhares de pessoas em todo o mundo para contextos marginalizados ou desfavorecidos. Para o combater, além de assumir o problema e traçar um plano que envolva governo e sociedade civil, temos indiscutivelmente de promover esforços na educação que os jovens estão a receber, investir na sua capacitação para liderar um futuro onde impere a tolerância e a aceitação da multiculturalidade.

O desporto pode desempenhar um papel determinante na incrementação de boas práticas. Alguns princípios fundamentais no acesso dos jovens à prática desportiva, para que a exclusão não comece logo nesse momento, são a democratização dos custos, o trabalho na compreensão do contexto familiar e a relação com a escola.

Entender o contexto social e económico dos jovens e respetivas famílias, traçar estratégias de inclusão através da prática desportiva, formar pessoas e transmitir valores básicos de convivência humana, antes de formar atletas para praticar a modalidade, preparar pais, professores e treinadores para o exercício desta importante função social, são alguns dos pontos que devem ser trabalhados.

No plano da reação ao fenómeno racismo, acredito no trabalho e nos meios da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto. No entanto, continua a preocupar-me o sentimento de impunidade que alguns comportamentos racistas têm, e isso deve fazer-nos refletir seriamente. O agravamento ou incremento de sanções tem de acompanhar um esforço de implementação.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (23 de março de 2021)

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